quinta-feira, 7 de maio de 2015

Projeto Releituras Poéticas


Em comemoração ao Dia do Livro realizado em Abril, durante dois dias levei para as turmas do 8º e 9º ano do Colégio Santa Teresinha (Teresina-Pi), livros de poemas dos mais diversos autores entre os quais brasileiros e portugueses. Solicitei aos alunos que fizessem uma leitura dos livros e, posteriormente, realizassem uma releitura, reescritura ou mesmo um reconto dos poemas que julgassem mais belos. Alguns dos resultados seguem abaixo:  


A Luz dos Olhos

O vento que agitava as árvores,
Sacudindo os galhos flébeis nobres,
Com um silencioso som de chuva de lágrimas
Era a interpretação de minhas preces...

Numa oração tão alta que não tinha palavras,
Eu erguia o meu clamor aos céus distantes,
Afastada do mundo e de mim mesma,
Na ânsia por duas asas libertadoras.

E eu tão perto de ti, sem poder ver-te...
O pranto me levou a luz dos olhos!

                                                                 Laryssa Victória (8º ano)
(Inspirado em “Onde sonhas para sempre” do poeta piauiense Da Costa e Silva)
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Por que eu?

Aquela que nunca foi tocada,
De si mesma criou um ódio
Por causa de uma breve mudança,
Aposta à sua honra e sangue.

Passou de formosura à honestidade,
No fim da vida conheceu a esperança,
Porque permaneceu intacta tal lembrança,
Como o amor, a fé, a verdade...

No momento esqueceu- se  de tudo
Feriu- se corpo e mente
Coberta de Sangue a força desumana.
Ah! Estranha ousadia, estranha cisão
Mesmo que seu corpo humano morra
Sua memória ganha longa vida.

                                                               Vinicius Janderson (9º ano)
(Inspirado em um soneto do poeta português LUIS DE CAMÕES)

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Primeira Vez

Quando ela suavemente entregou-se
A idade da inocência tinha voltado
Toda a impureza foi embora
Percebeu que a vida era mais feliz
Como uma nova porta que abre.

Coitado do moço
Tudo aquilo foi mentira
Tornou- se prisioneiro da prisão
A única liberdade que teve foi com o beijo!

                                                                Maria Edillayne (9º ano)
( Inspirado em “O beijo” do poeta brasileiro MANUEL BANDEIRA)

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Vejo-me a você

Como me vejo a você
Me vejo sofrido, deprimente
Pela minha invulnerável paixão por ti
Como correntes que me ligam a ti

Ilude- me e mais me encanto
Reencontro-te e mais me iludo
Me prometeste e mais contrariada fico
É esse adocicado amor que enfeita a minha vergonha

E assim sigo o meu destino e a minha sorte
Me arranca a alegria e um sorriso
Sendo a minha compostura
De tão esquecido juízo por suas manias a mim.

                                                                    Vitória Karoline (9º ano)
(Inspirado em “Em que estado, meu bem, por ti me vejo” do poeta MANUEL DU BOCAGE)


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Cem palavras de amor

Antes de amar-te, xodó, nada era assim:
Perdi tantas coisas nas ruas
Nada cantava e nem tinha cor
O mundo era do vento que batia em meu rosto.
E conheci lares cinzentos,
Ruas habitadas pela lua,
Lágrimas cruéis que se despediam,
Respostas que ficaram na areia!

Tudo estava nublado, triste e mudo,
Solto, abandonado e decaído,
Tudo era dos outros e nada meu.

Tudo era deles mas nada de ninguém
Até que a tua simpatia e tua alegria
De dádivas encheram o meu inverno.

   Jeovana Catarina (9º ano)
(Poema inspirado em um soneto do poeta chileno PABLO NERUDA)

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Amor

Na calma da noite
Vem um pensamento
Fui sempre embora sempre...
Sozinha e na força do vento.

Vão as curvas
Sobre o mar aberto
Revela o Amor e
O levam ao destino certo.

Naquela turva noite
Afundou- se o verão.
O amor naufragou.
O amor é somente uma coisa
Quem vem e vai.

     Karolayne (9º ano)
(Poema inspirado em “Amor” do poeta piauiense H. DOBAL)
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Paz

Lutas pelo meu galardão celeste, lutarei
Cruz e dor neste mundo sofrerei
Costumes santos no coração guardarei
Estradas íngremes tomarei
Em muitas horas, orarei
Enquanto serva em paz estarei.

Sara Cristyane (8º ano)
(Poema inspirado em “Paz” do poeta brasileiro MANUEL BANDEIRA)



domingo, 26 de abril de 2015

ARAGEM




ENLUA
Lua sobre Teresina-PI
Olho-a nobre e incompleta
Sob a réstia solar reluzente
Pela sombra que a cerca
Não há olhar que desvende
 
Suas imperfeições discretas
Espinhas de adolescentes
Guarda  cousas mais secretas
Que uma juventude descontente
 
E durante a noite ela rema calma
De uma ponta a outra do mar
Como quem não tem pressa de buscar
O sol para dentro d'alma!
 
 
 
 
 
 

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terça-feira, 21 de abril de 2015

PUERIL

CARNAUBAL

Povoado Alto do Meio-Campo Maior- PI

As carnaúbas eram mais felizes na minha infância
Não eram esquecidas do olhar pueril atual
Não se via pipas que não tivesse armação carnaubeira
Os cavalos da minha infância eram talos de carnaubeiras
Onde saíamos livres pelos campos como reticências no texto.

As carnaúbas eram sensivelmente mais felizes
As frutinhas enfeitavam alguma coisa que não a vida adulta
Os espinhos cerravam a abóbada azulada e triste
E o rio seco era uma mar de carnaúbas diferentes.

Saudade da minha infância olhando a carnaúba...
Mingua nestas terras em desuso
Como quem suporta o tempo indiferente.




BABAÇU

Povoado Veneza-UNIÃO-PI
O processo é lento, sinhô...O babaçu resiste
nas mãos sensíveis das quebradeiras com machado
Separam-se as cascas para a lenha cedo
E o coquinho azeite pela lenha tarde.

O processo é lento, sinhô... A palha acoberta
a alma dos camponeses cotidianamente
E fertiliza o solo para a próxima geração
Enquanto o tronco sustenta a vida simples.

E quando o sol se põe, compreendemos
que arte contempla o cenário babaçueiro.
O babaçu abana calmamente as nuvens
Como deus que pede licença ao despontar.




TORTA

Tamarindeiro inclinado- Luís Correia-PI

                                                                              Não entendia as circunstâncias do nascimento
A terra quente era indiferente ao nascer de toda vida.
Ela então crescendo em rispidez dentro de si: fechou- se.
Desafiou o vento e as tempestades do mar que magestava,
do sol que magestava, do ceú que magestava, do chão. Num grito mudo
ergueu os braços contra, demostrando força.
Queda de braço injusta. Perdeu.
E pelo insulto nobre
Vive inclinada
e os homens
apreciam
sua tristeza
indiferentes

domingo, 19 de abril de 2015

POEMIMAGEM


DEUSVIO
 
Povoado Veneza -União- PI
 
Nada após tudo é contínuo, diferente!
Vertem- se, mudam- se as cores, tracejos.
No tempo infindo dos olhares distraídos
São meigas e invisíveis as cores, as dores.
 
Pegue meu humilde conselho de agora:
Olhe- se e distraia os olhares do óbvio
Encontre três coisas simples e reflita
Sua existência, mas não queira respostas!
 
No fim, talvez você encontre o léxico de Deus.
Ou talvez a si mesmo encontre descompassado
no embaçado espelho da vida, eis ela própria!
But nothing is everything within the larger circle.
 
É preciso poer-se distraidamente!

 
 
DIZPENSADO

Povoado Veneza- União- PI
 
São nobres as formas, mais nobres os legados
Convulsão natural do tempo sob a pupila divina!
A lua cresce e não é sol: que preconceitos tem Deus
Diante da criação absorta, inútil ?
 
São outros os tempos, mas permanece o mesmo tempo
Ciclo sinistro celeuma celeste a cisma não cessa
Nascemos de olhos fechados e morremos...
Tudo tem pertencimento e falamos em liberdade.
 
O matiz da vida desbota e se desgasta
O relógio é o mesmo para todos
Mas são nobres as formas, mais nobres os legados
Sob a pupila divina, convulsão natural do tempo.
 
Ainda estamos aqui.
Ainda estamos aqui.
 
 
 
 FOLHARAGEM

Zoobotânico- Teresina-PI
 
 
 
 A folha cai
A folha cai


                                                                         A folha
                                                                         C            C
                                                                                A
                                                                         I             I


________________: Túmulo de folhas!